quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido...


Dois anos se passaram desde o início da peregrinação.

Em 28 de outubro de 2007, cerca de 45 famílias, de 120 que saíram do Egito, entravam na Terra Prometida. Um antigo prédio do INSS no Centro do Rio de Janeiro, há muito fechado, se transformou na “terra que emana leite e mel”, para mulheres, homens e crianças.

Organizados no Movimento Nacional de Luta por Moradia, tendo como Moisés a guerreira Maria de Lourdes Lopes (Lurdinha), depois de peregrinar no antigo Cine Vitória, e em muitos outros lugares, conseguiram, por fim, ver Faraó cair e entraram “a pés enxutos” na herança de Javé, constituindo-se hoje em mais um grandioso exemplo da força da mobilização popular.

A Ocupação foi batizada de Manuel Congo, em homenagem ao líder da maior rebelião de escravos no Vale do Paraíba do Sul, entendendo que preservar a memória é indispensável na caminhada (Deut. 6). A ocupação completou dois anos cantada na doce voz das crianças, que juntas num lindo coro ensinavam os presentes que “é preciso coragem”.

Um ano de cozinha comum, uma máquina lavar com um tanque por andar até o dia de hoje, banheiros comuns, escalas de limpeza, assembléias quase semanais... Quanto foi preciso aprender... Quanto se tem aprendido... Quanto podem ensinar ao mundo? Sim, outras relações são possíveis! Que transformação é essa, feita sem a força de armas, que une famílias num ideal sublime, que num tempo de notícias ruins, encarna a Boa-Nova?

A Ocupação Manuel Congo mexe com meus sonhos. Ela, de fato, aquece meu coração. Quem ouve sua história, quem conhece seu povo e celebra suas vitórias, vê, sente e experimenta a presença do Deus da Vida.